Todo dia é dia Internacional das Florestas (1ª parte)

"Só reflorestar não resolve aquecimento global, diz estudo.

Terra             

            A população do mundo chegou a 7 bilhões de pessoas. É hora de repensar o modo de ocupação do planeta Terra, os cuidados com a poluição e a preservação de produtos essenciais para a vida humana, como a água e o ar.   

 

 Árvore, equilíbrio natural  

dos centros urbanos

 

            Manifestação natural da vida, as árvores desempenham um papel que vai além de embelezar as paisagens. Para celebrar a conscientização ambiental, todo dia 21 de setembro comemora-se o Dia da Árvore, sendo hoje uma data de alerta da exploração indiscriminada do homem sobre a Natureza.

 

            A árvore é insubstituível para o equilíbrio da Terra, porque compensa a falta de equilíbrio natural dos núcleos urbanos, transformando a paisagem e trazendo mais tranquilidade aos moradores. Além disso, ela também amortece o impacto da chuva no solo, ajuda na contenção da poluição atmosférica, umedece o ar e funciona como reguladora da temperatura.

 

 

            Com tantas vantagens, estimular o plantio de árvores em centros urbanos e evitar o desmatamento é despertar na população o desejo de obter maior qualidade de vida. Mas se engana quem pensa que, nos centros urbanos, só os parques podem ter plantas. É possível também cultivar planta nos prédios, nas residências. Mas é preciso gostar.

 

            Segundo dados do Pnuma – Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, as florestas representam 31% da cobertura terrestre do planeta, servindo de abrigo para 300 milhões de pessoas de todo o mundo e, ainda, garantindo, de forma direta, a sobrevivência de 1,6 bilhões de seres humanos e 80% da biodiversidade terrestre.

 

            Em pé, as florestas são capazes de movimentar cerca de US$ 327 bilhões todos os anos, mas infelizmente as atividades que se baseiam na derrubada das matas ainda são bastante comuns em todo o mundo.

            Para sensibilizar a sociedade para a importância da preservação das florestas para a garantia da vida no planeta, a ONU – Organização das Nações Unidas declarou oficialmente 2011 o Ano Internacional das Florestas. Dada a importância da iniciativa, a campanha se tornou permanente.

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            A ideia foi promover durante os 12 meses do ano passado ações que incentivem a conservação e a gestão sustentável de todos os tipos de floresta do planeta, mostrando a todos que a exploração das matas sem um manejo sustentável pode causar uma série de prejuízos para o planeta. Entre eles:


            – a perda da biodiversidade;
            – o agravamento das mudanças climáticas;
           – o incentivo a atividades econômicas ilegais, como a caça de animais;
            – o estímulo a assentamentos clandestinos 
            – a ameaça à própria vida humana.
  

Floração da pitangueira, uma das nossas frutíferas mais apreciadas pelos pássaros.

 

Reflorestar é uma das soluções, 

não a única.

 

            Segundo cientistas canadenses, se todas as terras cultivadas do mundo fossem reflorestadas haveria redução de apenas 0,45º C na temperatura.

 

            As florestas guardam no seu seio rica diversidade. Plantas e animais, muitos ainda desconhecidos pela ciência; madeira usada pelas fábricas de móveis, pela indústria de papel e celulose ou para exportação; monocultura agrícola para a formação de pastos, criação de animais; minérios para a indústria de transformação; e outros recursos fazem parte desse tesouro que desperta grande interesse principalmente econômico.

Velho cambuci

 

             Aos poucos, essa exploração descontrolada reduz a capacidade da ciência e da medicina de estudar esses recursos a fim de multiplicar saberes e alternativas ao combate de doenças, visto que a extinção da vida em seu habitat natural, solos compactados ou degradados pela erosão e rios assoreados pela retirada da mata ciliar, inviabiliza todo o esforço por uma vida de qualidade no campo e nas cidades.

Ameixa-amarela ou nêspera

 

A exploração das florestas

 

   

 Virola (Virola bicuhyba), árvore típica da Mata Atlântica.

 

            Embora as florestas sejam importantes sumidouros de carbono, os projetos de reflorestamento terão apenas um impacto limitado no aquecimento global, destacou um estudo publicado em 19.06.2011, domingo, no periódico científico Nature Geoscience.

Casca do pau-ferro (Caesalpina ferrea)

 

            Vivek Arora, PhD e biofísica pela Universidade de Victoria, e Alvaro Montenegro, da Universidade de St. Francis Xavier, ambas no Canadá, desenvolveram cinco modelos de reflorestamento projetados para 50 anos, de 2011 a 2060. Eles examinaram seus efeitos no solo, na água e no ar se a temperatura da superfície terrestre aumentasse 3º C em 2100 com relação aos níveis pré-industriais de 1850.

 

            O resultado demonstrou que mesmo se todas as terras cultivadas do mundo forem reflorestadas, isto só bastaria para reduzir o aquecimento global em 0,45º C no período 2081-2100.

Araucárias (Araucaria angustifollia) centenárias

 

            Isto se explica em particular porque precisa-se de décadas para que os bosques sejam suficientemente antigos para captar o CO2 que fica preso durante séculos na atmosfera.

 

            Um reflorestamento de 50% das terras cultivadas só limitaria a elevação da temperatura em 0,25º C, destacou os cientistas.

Cerejeiras, nativas do Japão.

 

            Evidentemente, nenhuma destas projeções é realista, pelo menos segundo a ótica do crescimento populacional, uma vez que as áreas cultivadas são essenciais para alimentar a população do planeta, onde em 2050 viverão cerca de 9 bilhões de pessoas.

 

            Segundo os outros três modelos, reflorestar as regiões tropicais é três vezes mais eficaz para "evitar o aquecimento global" do que fazê-lo em latitudes mais elevadas ou em regiões temperadas.

 

            Os bosques são mais escuros do que as terras cultivadas e, portanto, absorvem mais calor. Plantar florestas em um solo coberto de neve ou de cerais de cor clara diminui o "efeito albedo", que é a quantidade de luz solar refletida do solo para o espaço.

Eucaliptos

 

            O desmatamento, sobretudo nas florestas tropicais, é causador de até 20% das emissões de gases de efeito estufa do planeta.

 

            Por isso, “o reflorestamento em si não é um problema, é positivo, mas nossas conclusões indicam que não é a ferramenta, é uma das ferramentas para controlar a temperatura, se gases de efeito estufa continuarem a ser emitidos como se faz atualmente", disse Alvaro, que sugere um trabalho global de reeducação das populações visando combater o problema na raiz: "O reflorestamento não pode substituir a redução de emissões de gases de efeito estufa", concluiu o estudo.

Cedro-rosa (Cedrella fissillis). Tronco reto, único, copa no alto para buscar a luz.

 

Sem equilíbrio 

não podemos viver

 

            De fato, o homem, para satisfazer suas necessidades, explora a Natureza, retira dela tudo aquilo que precisa. 

Capoeira, como arbustos floridos e o assa-peixe, planta muito apreciada pelas abelhas.

 

            Hoje, já sentimos as consequências dessa retirada indiscriminada dos recursos naturais e a mídia especializada reproduz o apelo dos ambientalistas e dos cientistas em geral quanto os problemas enfrentados pelo planeta com tudo isso. 

Flor da pitanga.

 

            "O progresso é valioso para os povos, porém, não precisamos, como loucos, extinguir a vida no Planeta. O ser humano pode comandar um desenvolvimento não destruidor. E por que não o faz, por que não age assim?! Não adianta apenas o progresso das máquinas. Para que elas não se transformem em tormento dos povos, este orbe (o planeta Terra) carece de mentes preparadas para a Paz e de Espíritos iluminados pelo Amor, pela Razão e pela Justiça."

 

            Como bem escreveu Bertrand Russell (1872-1970): "A compreensão da natureza humana tem que ser a base de qualquer melhoria real da vida humana. A ciência operou maravilhas no domínio das leis físicas do mundo, mas a nossa própria natureza é menos compreendida do que as estrelas ou os elétrons. Só quando a ciência aprender a decifrar a natureza humana, é que logrará trazer felicidade para as nossas vidas, felicidade que as máquinas e as ciências físicas (e econômicas) não puderam criar". 

Floresta de coníferas

 

            As pesquisas científicas não deixam dúvida de que sem equilíbrio não podemos viver; será a nossa extinção, como muito sabiamente observou também o escritor José de Paiva Netto em seu livro: "As Profecias sem Mistério", com mais de 1,3 milhão de exemplares vendidos somente na Bienal do Livro de São Paulo-SP, em 2006.