Saber Perdoar. Quais os benefícios?

A importância do Perdão 

(1ª parte)

 

            Por mais difícil que se apresente uma circunstância, que requeira o nosso perdão, talvez até para perdoarmos um erro que cometemos, os maiores beneficiados pelo exercício desse sublime sentimento, antes de tudo, somos nós mesmos. Não tenho dúvida do que afirma o sempre lembrado escritor José de Paiva Netto: "O perdão liberta a quem perdoa".

 

            De fato, não há quem verdadeiramente exercite esse nobre sentimento e não se sinta mais leve, como a se livrar de um enorme fardo. Já afirmam ilustres cientistas do Mundo Espiritual Superior, confirmados na Terra por respeitáveis pesquisadores de todo mundo: “Toda enfermidade é de origem moral; toda cura também”.

 

            Sendo tão bom, traz paz e libertação, por que muitas vezes a gente sente tanta dificuldade para perdoar o semelhante? Em geral, envolve situações que suscitam mágoas, orgulho ferido, vaidades, frustrações, culpas, perdas, expectativas não correspondidas, enfim, dor.

 

            Se estivermos bem, nos saímos bem, mesmo nas situações piores. Mas quando estamos mal, nos saímos mal até nos dias mais favoráveis. É matemática a advertência do Cristo quanto a isso no seu Evangelho segundo Mateus, capítulo 6, versículos 22 e 23:

 

            "–– A lâmpada do corpo são os olhos; de sorte que, se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo terá luz. Se, porém, os teus olhos forem maus, o teu corpo será tenebroso. Se, portanto, a luz que há em ti são trevas, que grandes trevas serão".

          

            Claro, “somos todos seres humanos”, nem sempre aptos a lidar tão bem com essas sensações desagradáveis. E, na ânsia por nos libertarmos delas, podemos nos infligir maiores angústias, as quais forçosamente, mais cedo ou mais tarde, nos levarão às causas desse sofrimento e às dolorosas, porém importantes e necessárias, lições.

 

            Então, como enfrentar e suplantar dignamente a dor, sem causar mais padecimentos a nós próprios e/ou aos nossos semelhantes?

 

            Não poderíamos encontrar melhor resposta do que nos ensinamentos de Jesus, o Cristo Ecumênico, o Divino Estadista, que é o nosso eterno referencial para toda e qualquer questão que surja em nossas vidas.

 

            Pegue aí a sua Bíblia Sagrada e abra comigo no Evangelho de Jesus segundo Marcos, 11:24, em que o Senhor dos senhores exige de nós confiança no Poder de Deus. Para facilitar o raciocínio, destaquei em vermelho os pontos que desejo argumentar com você. A certa altura do seu ensinamento, diz o Divino Educador:

 

            “–– Por isso vos digo que todas as coisas que pedirdes, orando, crede que haveis de receber, crêde e vos serão concedidas”.

 

            Prosseguindo agora na leitura do Evangelho de Jesus segundo Marcos, 11:25, em que o Sábios dos Milênios diz que o que pede perdão tem de perdoar primeiro. Leiamos juntos:

 

            “–– E, quando estiverdes orando, perdoaise tendes alguma coisa contra alguém, para que vosso Pai, que está nos céus, vos perdoe as vossas ofensas”.

 

            E no Evangelho de Jesus segundo Marcos, 11:26, está a questão da reciprocidade. Estude comigo:

 

            “–– Mas, se vós não perdoardestambém vosso Pai que está nos céus, não vos perdoará as vossas ofensas”.

 

            Vamos agora ao Pai-Nosso – a prece ecumênica de Jesus Cristo – que muitos de nós repete, e não raro bem intencionados, esperamos êxito, uma vez que nesta oração encontramos o que há de mais justo a nosso favor. Ei-la na íntegra com um destaque que fiz no ponto em que devemos nos deter com maior atenção e reconhecimento:

 

Pai-Nosso

 

 

A Oração Ecumênica de Jesus Cristo

(Evangelho segundo Mateus, 6:9–13)

 

Pai Nosso, que estais no Céu

santificado seja o Vosso Nome.

Venha a nós o Vosso Reino.

Seja feita a Vossa Vontade

assim na Terra como no Céu.

O pão nosso de cada dia dai-nos hoje.

Perdoai as nossas ofensas,

assim como nós perdoarmos aos nossos ofensores.

Não nos deixeis cair em tentação,

mas livrai-nos do mal,

porque Vosso é o Reino,

e o Poder, e a Glória para sempre.

Amém!

 

            "Todos podem rezar o Pai-Nosso. Ele não se encontra preso a crença alguma, por ser uma oração universal, consoante o abrangente Espírito do Cristo Ecumênico. Qualquer pessoa, até mesmo atéia (por que não?!), pode proferir suas palavras sem sentir-se constrangida. É o(a) filho(a) que se dirige ao Pai, ou é o ser humano a dialogar com a sua elevada condição de criatura vivente. Trata-se da Prece Ecumênica por excelência". 


            Guardou bem o ponto crucial do texto? “Perdoai as nossas ofensas, assim como nós perdoarmos aos nossos ofensores.” Pegue agora o trecho do Evangelho de Jesus segundo Marcos, 11:26, que estudamos antes da oração de Jesus: “Mas, se vós não perdoardestambém vosso Pai que está nos céus não vos perdoará as vossas ofensas”.  

 

              Quer dizer, quando suplicamos a Deus Nosso Pai: “Perdoai as nossas ofensas, assim como nós perdoarmos as dos nossos ofensores”, estamos dizendo ao SENHOR que antes de elevarmos o pensamento a Ele, já perdoamos de todo o nosso coração a quem nos ofendeu. Razão porque Lhe estamos pedindo forças para seguirmos em frente.

 

            E tem gente que nem percebe quando ora ao SENHOR DEUS, que está dizendo ao TODO-PODEROSO, que de todo o seu coração já perdoou as dívidas dos outros; ou seja, que diante do impasse entregou a Deus o julgamento da questão.

 

            “Ah, então eu devo perdoar toda pessoa que me fere?” Não! é claro que não. Nunca guardar rancor na Alma, isso faz mal a pessoa e perturba o ambiente à nossa volta.

 

            Se o prejuízo é de ordem material, ou lhe causa embaraços a vida normal, entregue o caso a justiça. Procure um bom advogado, exponha os fatos, e aguarde a decisão. E para isso ninguém precisa sofrer a ponto de ficar doente. Repito, e não me canço de repetir, porque não tenho dúvida do que afirma o sempre lembrado escritor Paiva Netto: "O perdão liberta a quem perdoa".

 

            Imagine se o Divino Mestre Jesus, sendo injustamente crucificado, escarnecido, obrigado a vivenciar a intensa dor da incompreensão humana, não tivesse antes avisado a seus Apóstolos e Discípulos que Ele seria sacrificado pela iniquidade humana?

 

            Imagine se o Supremo Condutor da Humanidade não tivesse nos deixado um tratado espiritualmente revolucionário (Evangelho segundo João, capítulo 13, versículos 34 e 35, e capítulo 15, versículos 7º, 8º, de 10 a 17, e 9º), que nos exorta a vivência do Amor Divino

 

            “Jo 13:34  Novo Mandamento vos dou: Amai-vos como Eu vos amei.

 

            “Jo 13:35 – Somente assim podereis ser reconhecidos como meus discípulos, se tiverdes o mesmo Amor uns pelos outros.

 

            “Jo 15:7 – Se permanecerdes em mim e as minhas palavras em vós permanecerem, pedi o quiserdes, e vos será concedido.

 

            “Jo 15:8 – A glória de meu Pai está em que deis muito fruto; e assim sereis meus discípulos.

 

            “Jo 15:10 – Se guardardes os meus mandamentos,  permanecereis no meu Amor; assim como tenho guardado os mandamentos de meu Pai e permaneço no Seu Amor.

 

            “Jo 15:11 – Tenho-vos dito estas coisas a fim de que a minha alegria esteja em vós e a vossa alegria seja completa.

 

            “Jo 15:12 – O meu Mandamento é este: que vos ameis como Eu vos tenho amado.

 

            “Jo 15:13 – Não há maior Amor do que doar a  própria Vida pelos seus amigos.

 

            “Jo 15:14 – E vós sereis meus amigos se fizerdes o que Eu vos mando. E Eu vos mando isto: amai-vos como Eu vos amei.

 

            “Jo 15:15 – Já não mais vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor. Mas tenho-vos chamado amigos, porque tudo quanto aprendi com meu Pai vos tenho dado a conhecer.

 

            “Jo 15:16 – Não fostes vós que me escolhestes; pelo contrário, fui Eu que vos escolhi e vos designei para que vades e deis bons frutos, de modo que o vosso fruto permaneça, a fim de que, tudo quanto pedirdes ao Pai em meu nome, Ele vos conceda.

 

            “Jo 15:17 – E isto Eu vos mando: que vos ameis como Eu vos tenho amado.

 

            “Jo 15:9 – Porquanto, da mesma forma como o Pai me ama, Eu também vos amo. Permanecei no meu Amor.”

 

            Mesmo sem ter culpa alguma, no momento crucial do seu calvário, teve a iniciativa de rogar a Deus dizendo:

 

            “— Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem" (Evangelho de Jesus segundo Lucas, 23:34).

 

            A partir dos ensinamentos de Jesus, o saudoso radialista e poeta Alziro Zarur (1914-1979), estabeleceu como 7º Mandamento dos Homens e Mulheres da Boa Vontade de Deus, na obra que fundou e presidiu por tantos anos – a Legião da Boa VontadeLBV, o seguinte:

 

            "–– VII - Perdoar é transferir o julgamento à Lei de Deus. Mas o Pai não proíbe que Seus filhos se defendam dos maus" (o texto integral está publicado no livro Diretrizes Espirituais da Religião de Deusvolume IIIpágina 282, publicado pela Editora Elevação).

 

            Acerca do perdão exemplificado pelo Cristo Ecumênico, o Divino Estadista, veja o que encontramos ainda sobre o assunto no livro “As Profecias sem mistério”:

 

            “–– Pelo prisma do Amor divinizado – que não se confunde com a covardia diante da injustiça e da perversidade – já lhes expliquei aquela passagem do Evangelho de Jesus segundo Lucas, 6:29: Ao que te bate numa face, oferece-lhe também a outra (...)’. Significa dizer que não devemos jamais entrar na sintonia do ódio.

 

            “–– Dar a outra face é levar os que nos desejam ofender à percepção de que estão cometendo um ultraje contra si mesmos. (...) O ódio é arma voltada contra o peito de quem odeia.

 

            “–– (...) ‘Dar a outra face’, como nos educa o Novo Testamento da Bíblia Sagrada, é um ato de coragem, um exercício de paciência; não é ação para omissos e acomodados".

 

            E tem mais. Em: "O alertamento de Schiller e a função da Dor", da obra “Jesus, a dor e a origem de Sua Autoridade”, outro lançamento da Editora Elevação:

 

            "–– (...) a Dor nos fortalece e nos instrui a vencer todos os obstáculos, por piores que sejam. Foi uma das maiores lições que Jesus nos legou. E o Pai Celestial deu-Lhe a Sua bênção, fazendo-O herdeiro do Poder e da Autoridade Dele. Jesus, o Pedagogo Sublime, misericordiosamente oferta essa Divina Autoridade — em diversos graus, na escola da experiência celeste — aos que já tenham compreendido que o governo do mundo tem início na Pátria Espiritual".

            Se buscarmos a tranquilidade de Alma e de coração que nos oferta a prece, a reza, a oração, a meditação sublimada, compreenderemos que ao viver tempos conturbados, de conjunturas cada vez mais desafiadoras em todo o mundo, os nossos "problemas" individuais se tornam tão pequenos, que as aparentes razões que não nos permitiam perdoar deixam de existir. E, em face das eventuais dificuldades, lembremos sempre da perseverança no caminho do Bem, ensinada pelo Libertador Divino:

 

            “— Aquele que perseverar até o fim será salvo" (Evangelho de Jesus segundo Mateus, 24:13).

 

            Assim, com o coração leve, repelindo o desânimo, liberto pelo ato sincero, honesto, consciente do perdão e, é claro, iluminado pelo Amor do Novo Mandamento do Cristo de Deuspoderemos mais fortemente somar esforços para o estabelecimento na terra de uma Cultura de Paz como toda pessoa de bem e do Bem deseja:

 

            “–– Minha Paz vos deixo; minha Paz vos dou. Eu não vos dou a paz do mundo, vos dou a Paz de Deus que o mundo não vos pode dar. Não se turbe o vosso coração, nem se arreceie. Credes em Deus, crede também em mim” (Evangelho de Jesus segundo João, 14: 1, 27).