Unir Matemática e Solidariedade, História e Respeito, Educação Física e Cidadania... Eis uma das fórmulas que têm gerado excelentes frutos nas unidades socioeducacionais da LBV. Um importante exemplo disso se verifica no trabalho realizado pela Associação Educacional Boa Vontade (AEBV) –– braço institucional da Legião da Boa Vontade (LBV) para a educação e a cultura com espiritualidade ecumênica ––, que prima pela qualidade do conteúdo pedagógico, estimulando um índice de evasão escolar zero e no ambiente sem violência da rede de ensino da Instituição.
Tal resultado positivo decorre da Pedagogia do Afeto e da Pedagogia do Cidadão Ecumênico, preconizadas pelo educador Paiva Netto. Ambas desenvolvem um trabalho diferenciado inicialmente com bebês e crianças, no qual os educadores aplicam a Pedagogia do Afeto, até os 10 anos de idade.
O educando que assim se desenvolve, em ambiente afetivo, desde os primeiros meses de vida, a partir dos 11 anos, insere-se com êxito na Pedagogia do Cidadão Ecumênico, que dá continuidade à Pedagogia do Afeto.
Com isso, os professores possibilitam aos alunos, além do desenvolvimento intelectual, maior vivência dos valores da cidadania e da Espiritualidade Ecumênica em sua comunidade, na busca da Cultura de Paz tão almejada.
Por isso mesmo, trazemos da revista Sociedade Solidária, editada em diversos idiomas, que Paiva Netto encaminhou aos participantes da 21ª Assembleia-Geral da Congo — Conferência das ONGs com Relações Consultivas para as Nações Unidas —, ocorrida em Viena, Áustria, de 6 a 8 de novembro de 2000, uma mensagem que ilustra sua experiência de mais de cinco décadas, sobretudo no campo do ensino, certamente a maior das ferramentas a sustentar a Paz no planeta.
Escreveu Paiva Netto em seu livro “É Urgente Reeducar”.
“É de Aristóteles (384-322 a.C.) o ensinamento a seguir:
‘Todos quantos têm meditado na arte de governar o gênero humano acabam por se convencer de que a sorte dos impérios depende da educação da mocidade’.
“Tem razão o estagirita.
“Educação e Cultura com Espiritualidade Ecumênica para o povo, desde a infância, destacam-se entre as preocupações antissectárias maiores da Legião da Boa Vontade (LBV), ao lado de sua aplaudida Promoção Humana e Social (...).
"Aliás, na verdadeira Democracia — que deve ser entendida e vivenciada como o regime da responsabilidade — todos têm direito à liberdade de expressão, manifestada com o necessário sentido de dever e bom senso, alcançado com o amadurecimento espiritual, ético, portanto, democrático; e mais: o direito ao Trabalho, à Segurança, à Saúde, à Alimentação, à boa Educação, à Cultura, ao Lazer (Alegria sem baixaria).
"Tudo isso com a indispensável espiritualização do sentimento, em qualquer estágio histórico do progresso das nações.
“No ensino reside a grande meta a ser atingida, já!
"E vamos mais longe: somente a Reeducação, até mesmo dos educadores, como recomendava o jornalista, radialista, poeta, pregador religioso e político Alziro Zarur (1914-1979), é capaz de garantir-nos dias de prosperidade e harmonia.
“Porém, como escrevi em meu livro Reflexões e Pensamentos — Dialética da Boa Vontade (51 a ed., 1987, p. 160), e anteriormente no Jornal da LBV (janeiro de 1984): (...) quando falamos na união de todos pelo bem de todos, alguns podem atemorizar-se, pensando em capitulação de seus pontos de vista na enfadonha planura de uma aliança despersonalizada, o automatismo humano deplorável. Não é nada disso.
"Na Democracia, todos têm o dever (muito mais que o direito) de — honestamente (quesito básico) e com espírito de tolerância — enunciar seus ideais, sua maneira de ver as coisas. Entretanto, ninguém tem o direito de odiar a pretexto de pensar diferente nem de viver intimidado pela mesma razão.
"Dizia Gandhi (1869-1948) que ‘divergência de opinião não deve ser jamais motivo para hostilidade’. E foi por nisso acreditar que o Mahatma se tornou, com certeza, o personagem principal da independência do seu povo.
“É, ainda, do sábio indiano esta notável afirmativa quanto à necessidade de se fomentar a Cultura de Paz nos corações para vencer as animosidades entre os diferentes: ‘Que seus pensamentos sejam positivos porque eles se transformarão em palavras.
"Que suas palavras sejam positivas porque elas se transformarão em ações.
"Que suas ações sejam positivas porque elas se transformarão em valores.
"Que seus valores sejam positivos porque eles determinarão seu destino’.
“Destino traz à mente o fulgor das crianças, nas quais pensávamos ao nos referir ao ensino básico, logo no início do artigo.
"E lhes apresento resultado desse esforço, quando benfeito, nas palavras de um Soldadinho de Deus, que vem crescendo sob as asas da Pedagogia do Afeto, bandeira de vanguarda da LBV. Letícia Tonin tinha 7 anos quando disse: ‘O Amor é maior do que tudo, mesmo que as pessoas sejam diferentes’.
“O dever de expressar suas opiniões, mesmo que com o calor natural à defesa das teses, todavia sem espírito de cizânia, de modo civilizado, não significa que — para viger a Democracia — Você tenha de transformar-se a qualquer preço no vencedor.
"Pelo contrário, democrático é saber conviver também com a derrota. Quem com isso não pode conviver não sabe o que é Democracia, que, por sinal, é o regime da responsabilidade”.
Pedagogia do Afeto
A Pedagogia do Afeto será referida quando falarmos das atividades realizadas com crianças, em que o cenário impactante da realidade atual, em que a agressividade (na forma de violência física e emocional) muitas vezes tem sequelas e cicatrizes.
Desse modo, é pertinente o reforço de que o sentimentos devam aliar-se ao desenvolvimento da inteligência dos pequeninos, de forma que carinho e afeto não fiquem restritos aos bons tratos no seio da família, mas também permeiem todos os ambientes de convívio do aluno, inclusive o escolar, contemplando uma faixa etária em que uma criança se encontra mais vulnerável em seu universo infantil.
Acerca do trabalho voltado a essa tenra idade, afiança o educador Paiva Netto:
“(...) A estabilidade do mundo começa no coração da criança.
"Por isso, na Associação Educacional Boa Vontade (AEBV) –– braço institucional da Legião da Boa Vontade (LBV) para a educação e a cultura com espiritualidade ecumênica ––, aplicamos, há tantos anos, a Pedagogia do Afeto”.
E mais:
“(...) O afeto que inspira a nossa Pedagogia, tomado em seu sentido supino, é, além de um sentimento de Alma elevado, uma estratégia política, igualmente compreendida na sua índole mais exalçada, em consonância com a Justiça Social, como uma estratégia de sobrevivência para o indivíduo, povos e nações.
"Os Seres Humanos — portanto, os cidadãos, entre eles os esperançosos jovens — são muito mais do que um saco de carne, ossos, músculos, nervos, sangue.
"Amam e sofrem. Sonham, desejam, constroem, frustram-se e, apesar de tudo, prosseguem, vão em frente...
"Merecem, além de leis, respeito para que elas jamais constituam obscuros privilégios, e possam ser cumpridas em benefício de todos (...)”.
Pedagogia do Cidadão Ecumênico
A Pedagogia do Cidadão Ecumênico é aplicada na educação de adolescentes, jovens, adultos e idosos, abrangendo a Educação Básica, a EJA (Educação de Jovens e Adultos) e os programas socioeducacionais da Instituição, indo além dos bancos escolares.
Aposta na formação integral do educando, também o reconhecendo como ser espírito-biopsicossocial.
Fundamenta-se nos valores nascidos do Amor Fraterno, preparando o indivíduo a viver a Cidadania Ecumênica, firmada no exercício pleno da Solidariedade Planetária, tendo como ícone o preceito imortal do Cristo Ecumênico, o Seu Novo Mandamento:
“Amai-vos como Eu vos amei. Somente assim podereis ser reconhecidos como meus discípulos” (Evangelho de Jesus segundo João, 13:34 e 35).
Bem a propósito, no discurso proferido por Paiva Netto aos educadores dos centros de ensino da Associação Educacional Boa Vontade (AEBV) –– braço institucional da Legião da Boa Vontade (LBV) para a educação e a cultura com espiritualidade ecumênica –– e publicado em parte no jornal Correio Braziliense, da capital do Brasil, em fevereiro de 2000, ele ressalta:
“(...) A nossa ferramenta, portanto, para erigir o Cidadão Ecumênico (religioso ou não) é algo de que não podemos prescindir: o espírito universalista, cujo instrumental seja a Solidariedade, iluminando mentes e sentimentos. Habitamos uma única e imensa morada, a Terra.
"Se não marcharmos na direção do entendimento, onde haveremos de residir se a loucura do egoísmo e da ganância não for afastada dos nossos caminhos, neste planeta em novos tempos de globalização? Sociedade mundializada, satisfações ou males no mesmo grau.
"É matemático (...)”.