As novelas e a educação de um povo

08/09/2013 05:14

Emílio Odebrecht (empresário da construção civil).

 

            “Provavelmente não há outro país, onde as novelas, esta atração televisiva de presença mundial, tenham caído tanto no gosto popular como no Brasil”, embora não seja uma invenção brasileira, e já houvesse novelas sendo produzidas em Cuba, no México, e eram traduzidas para o português e exibidas aqui no nosso país. Mas, de repente, as novelas viraram sinônimo de Brasil.


            “Do ponto de vista da influência nos costumes, ouso dizer que esse tipo de programa foi, entre nós, mais benéfico que maléfico. Se analisarmos os efeitos sobre a visão de mundo do brasileiro médio que as novelas já exerceram, concluiremos que hoje somos (até certo ponto, ao menos) um país melhor também graças a elas, porque criaram uma linguagem nacional, integraram o país, embora muitos intelectuais contestem esse tipo de fusão do linguajar.

 

            “Ideias como a da emancipação feminina se disseminaram no Brasil com a ajuda das novelas. Em anos recentes, abordaram outras questões importantes, como o combate ao racismo e o respeito aos deficientes físicos. E até a demografia do país parece ter sofrido alguma influência.

 

            "As famílias nas novelas são, quase sempre, pequenas e foi por meio delas que muita gente teve, pela primeira vez, contato com noções de planejamento familiar.

         

            "Mas é inescapável reconhecer que também há os efeitos nocivos, em especial sobre os jovens. A contínua irradiação de modismos tolos e a tendência (talvez inerente ao gênero) de exploração nos enredos de algumas das piores fraquezas humanas”, como o desinteresse pela boa leitura, a traição, a obsessão pelo corpo perfeito, e a ganância, “conferem certa razão àqueles que apontam as novelas como algo pouco educativo.

 

            "O fato é que, com o potencial de influência que têm, as novelas podem ser mais do que mero entretenimento e se tornar instrumentos eficazes de apoio à formação das pessoas.

 

            "Ao falar em formação, penso no incentivo à agregação familiar, na disseminação de valores, enriquecimento cultural e motivação aos jovens para que estudem, se desenvolvam e empreendam, construindo suas vidas no eterno Bem".

EDUCAR TAMBÉM

É ENTRETENIMENTO

           "Nossos autores de novelas, tão talentosos [sem dúvida alguma], poderiam usar o meio para inserir (ou reforçar) no ideário do país a crença no trabalho duro e honesto como forma de ascensão social e nos benefícios que isso representa para o indivíduo e para a coletividade.

 

             "Tais programas também poderiam servir para orientar a escolha profissional de rapazes e moças. Para tanto, bastaria que mostrassem, de modo consistente, a realidade das várias ocupações do mundo do trabalho o que seria de enorme valia para muitos jovens brasileiros.

 

           "O incentivo a comportamentos éticos e os conteúdos que formam a cultura dos indivíduos não devem ficar restritos aos canais educativos, às escolas, aos templos religiosos, ou às famílias.

 

           "As novelas, forma de arte na qual somos mestres, podem contribuir e muito para elevar os brasileiros a mais altos padrões de princípios morais, cívicos e espirituais, conhecimento e desenvolvimento pessoal