Apocalipse e Genoma do Universo

02/10/2013 23:21

            No dizer de Cícero (106-43 a.C.), as profecias são de interesse universal:

 

            "–– Não há povo, por mais requintado e culto que seja, que não acredite no dom que certas pessoas têm de prever o futuro".

 

            Encontramo-nos, pois, diante de assunto constantemente em voga, apesar da indiferença, nem sempre verdadeira, de alguns.

 

            Há quem continue achando que o Apocalipse sinaliza o limite da vida planetária. Será? O Gênesis mosaico, primeiro livro da Bíblia, relata — cifrada, sucinta e polemicamente — a criação instantânea, de forma ainda por muitos aceita, deste orbe. Outros preferem a bem pensada explicação científica.

 

            Quanto ao Cosmos, sob talvez maneira diversa da que conhecemos, teria sempre existido, mesmo antes do big bang do ilustre George Gamow (1904-1968)? Ou, então, para resumir, o que anteriormente havia? (Que tal se investigar a respeito do Genoma do Universo, ou seja, a organização genética total de um Ser?)

 

            Recorramos, agora, ao Livro da Revelação e poderemos concluir que não anuncia o Fim; ao contrário, o texto teimosamente termina com uma bênção:

 

            "–– A graça de Nosso Senhor Jesus Cristo seja com todos vós para todo o sempre. Amém" (Apocalipse, 22:21).

 

            E mais: no capítulo 21, temos a nova Jerusalém, o novo Céu, a nova Terra, depois de uma metamorfose jamais vista, desencadeada pela Humanidade. Trata-se de colheita obrigatória de semeadura que foi livre.

 

ATOS HUMANOS E CONSEQUÊNCIAS

 

            Quando digo que não devemos temer o Apocalipse, de modo algum ignoro que aquilo que homens e povos plantaram singularizará retornos benéficos ou trágicos para a sociedade.

 

            Um exemplo emblemático: o que andamos fazendo com a Natureza acarretará graves consequências, o que, aliás, já está ocorrendo...

 

            Só não vê quem não quer. Bem que a consciência ecológica se expande pelo mundo. E isso é bom. Não lancemos fogo em nossa morada coletiva nem a tornemos pior que cortiço.

 

            Lembram-se da advertência de vários cientistas, se não me engano em 1983, um dos anos mais quentes da História, sobre o efeito estufa em médio prazo? Logo foram desmentidos por outros que supostamente estariam atendendo a interesses de poderosos cartéis, que não tencionam diminuir, por menores que sejam seus lucros. Esses outros estão esquecidos de que desta vez podemos perder a própria moradia, a Terra.

 

            Os fatos hoje têm repercussão global, isto é, imediata. Contudo, parece que alguns insistem em fechar os olhos para tão nefastos resultados. Por isso, prefiro ficar com a conclusão fortemente alertadora dos primeiros estudiosos citados, até porque mudanças desagradáveis se encontram em pleno curso, causando estrago considerável, a não ser que haja enérgica e dinâmica providência dos governos, forçada pelos seus cidadãos, que finalmente estão acordando... Esse despertar também faz parte das profecias.

 

            Observemos a ilustrativa palavra do Apóstolo Paulo, na sua Epístola aos Romanos, 13:11 e 12:

 

            “–– E digo isto a vós outros que conheceis o tempo, que já é hora de vos despertardes do sono; porque a nossa salvação está agora mais perto do que quando no princípio cremos. Vai alta à noite e vem chegando o dia. Deixemos, pois, as obras das trevas, e revistamo-nos das armas da luz.

 

            É urgente demonstrar que profecia não é sinônimo de flagelo, mas a exposição das correlações entre causa e efeito. Ela é somatório daquilo que antes realizamos de bem ou de mal. É necessário que aprendamos isto a fim de torná-las elemento para o progresso consciente, de forma que nos transformemos, em completo juízo, agentes do nosso futuro. Não é vão este comentário do escritor francês Joubert (1754-1824):

 

            “–– Quando de um erro nosso surge uma infelicidade, injuriamos o destino.

 

TEMER O APOCALIPSE?

 

            A Lei de Causa e Efeito é onisciente, para dar a cada um de acordo com as próprias ações. Nem sempre vemo-la agir de imediato, visto que sua atuação é natural, orgânica. Por isso, raras vezes conseguimos perceber sua mecânica. Na hora certa, segundo o Relógio de Deus, todos colhemos aquilo que semeamos.

 

            Portanto, não é com o Apocalipse que nos devemos precatar; ao contrário, porque ele é, para os que o leem sem ideias preconcebidas, um belo recado divino que tem dois mil anos. O terror são, estes sim, os atos humanos desvairados, particulares ou coletivos.